“Quem não tem paladar nada tem para dar”
Temos visto como esse papel é determinante quando do desenvolvimento das fases biológicas: umbilical, oral, anal, genital e sexual.
O informativo para as mães, no ano passado, dedicamos à fase umbilical, ressaltando a importância de se respeitar a respiração abdominal, natural das crianças, mas que tem sido reprimida por muitos dos nossos hábitos e comportamentos.
Hoje queremos refletir com você sobre a segunda fase, a oral.
Claro que todas as fases são importantes! Mas a oral, por preparar o indivíduo para o exercício do seus instinto de sobrevivência, certamente adquire uma importância especial. É por ela que deveríamos aprender a nos defender e a ter com o mundo uma relação de prazer e de bem estar, apurando e desenvolvendo o nosso paladar.
E se existe um responsável pelo desenvolvimento de nosso paladar essa pessoa é a nossa mãe. É nela que mamamos e é pelas suas mãos que damos as primeiras bocadas em algum alimento. É por ela, portanto, que teremos a oportunidade de apurar ou reprimir nosso paladar.
E como é importante esse nosso sentido! Tão importante que ele pode ser considerado balizador de nosso grau de humanização. Aliás ele, enquanto expressão do que está além do gosto, é exclusivo dos seres humanos. Somos os únicos animais a possuí-lo nessa profundidade e dimensão. Daí podermos concluir que quanto mais o tivermos apurado mais humanos seremos!
Não é por acaso que temos um céu na boca! Se nosso destino é o Céu, já o podemos experimentar aqui na terra pelo nosso paladar. É a lógica do prazer!
Por isso mãe humanizante é aquela que reconhece e respeita o desejo do filho. É aquela que não lhe impõe nem seu ritimo, nem seu tempo nem seus gostos. É aquela que estimula a forma natural das crianças fazerem a digestão bucal através do processo de sucção do alimento. Isto é acreditar na capacidade inata do ser humano para a auto regulação, como força da sabedoria do corpo e da natureza em nós. Portanto, é a mãe que permite que seu filho desenvolva, cada vez mais, a capacidade de usufruir dos alimentos, na busca de seu auto-conhecimento e do seu verdadeiro prazer.
Infelizmente, porém, nossa cultura greco-judaica tem evoluído no sentido contrário. Com um saber que nega a dimensão da energia na matéria, o valor nutritivo do alimento é dado, cada vez mais, por elementos que dispensam a sensibilidade de nosso paladar. O que vale são as vitaminas, as proteínas, os carboidratos etc.
Com isso, as mães não se sentem culpadas em forçar a criança a ingerir este ou aquele alimento. Sentem-se à vontade para determinar o momento e o tempo da refeição de seus filhos. E ao invés de desenvolverem em seus filhos a capacidade de sentir prazer, limitam-se a fornecer-lhes apenas oportunidades de sentirem alívio. E pior, dando a esse alívio o nome de prazer!
Que nossas mães busquem superar essa lógica do alívio na busca da lógica do verdadeiro prazer, reconhecendo e respeitando o desejo de seus filhos. Que, com isso, sejam cada vez mais amadas e contribuam com o processo de humanização de nossa sociedade!
Parabéns, mães que humanizam!
E para ajudar nessa reflexão, leia a poesofia paladar.