Sexo é só desejo carnal?

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.
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Perguntou a mulher ao homem: nossa relação é só sexo?

Leonardo José Jeber

Prazer carnal,
querem te afastar do amor 

Tom Zé

Na pergunta da mulher o que me parece que está embutido é o seguinte: nossa vida é só prazer carnal? E nossa vida será reduzida a isso?

Uma resposta direta e reta, construída solidariamente a dois seria: depende! E daí, vem nova pergunta que gera o texto abaixo. Depende de que?

É interessante que seja a mulher a perguntar ao homem. A psicanalise freudiana colocou a questão: O que deseja uma mulher? Por que é a mulher que está no centro dessa questão?

Eu diria que é ela porque a mulher tem uma sensibilidade mais intuitiva e cuidadora da vida pelo feminino que lhe existe como essência. É com a mulher que o homem também pode fazer crescer sua capacidade amorosa de cuidar da vida em geral e da conjugal em particular.

Começaria dizendo que a resposta à pergunta dela depende da concepção que temos sobre relação sexual e sobre sexualidade. E as concepções que aprendemos nos chegam pela educação e cultura na qual vivemos e incorporamos e questionamos e transformamos ou nos adaptamos.

Entre um tanto de casais conjugais, pode surgir a dúvida se sua ligação não é meramente carnal, mantida muito mais pelos prazeres da carne, isto é, prazeres do sexo. Me ocorre que se um casal se sente assim, é porque parece que sente que falta fusão em outras dimensões de sua conjugalidade, ou porque tende a ver o prazer sexual como coisa unidimensional na/da estrutura humana.

O que eu sinto-penso sobre essa questão, a partir também de minhas próprias vivências conjugais, digo abaixo.

Ao meu ver, em todo encontro sexual humano existe uma totalidade da dimensão da vida e dos seres vivos. O que pode ocorrer é que os seres podem estar bem ou mal integrados em suas dimensões humanas que são corporais, porque nós somos o nosso corpo e nosso corpo somos nós e a corporeidade humana não exclui nenhuma dimensão. Suponho que por isso dizemos Corpo de Cristo na liturgia da Igreja Católica.

Na busca do aperfeiçoamento para sermos humanos, nosso sexo como expressão de relação sexual, é união, fusão, junção de dois seres materiais. E matéria não é só massa. Matéria é energia vital condensada e fluida e em fluxo. Energia é a base da integração do Ser. Energia é o substrato da vida, por isso a relação sexual é expressão de um ser físico, mental, social, afetivo e espiritual, num todo energético. Nesse sentido, o prazer carnal, físico, é também o prazer em cada uma das demais dimensões. Assim, sexo é questão de pele e de carne – Sim! Mas não é só questão de pele e carne. Sexo como relação é a totalidade do nosso Ser, ou melhor, o nosso Ser total está também presente no momento da experiência sexual.

Mas me parece que se estivermos mal integrados em nossas dimensões corporais/materiais humanas, isto é, cindidos, fragmentados, divididos, por uma sexualidade vivida predominantemente com base na fissão genital, isto é, uma sexualidade em que os sujeitos funcionam mecanicamente, pela vontade não alinhada com o desejo, aí, então, podemos ter de fato a sensação verdadeira de que estamos vivendo só uma experiência carnal, porque podemos nos sentir vazios durante e após a relação sexual. E assim, não há nem prazer carnal, mas apenas alivio de cargas negativas que habitam nosso corpo.    E para terminar, quem nos fala sobre prazer carnal, poeticamente, através da bela canção, Prazer Carnal, é nosso Tom Zé:

 

Prazer carnal,
Querem te afastar do amor;
Como sinal
De chama e chuva, enxofre e sal
Sacode a fera em fúria animal.

Mas apesar de toda essa vergonha
Com ele ainda a alma sonha
Fiar a renda, cuja lenda
Deus há de cifrar,
Fiar a renda, lenda,
Será deus quem decifrar.

É quase um vintém;
Quando a faísca vem,
Só depois a tempestade
Arrebenta o cais
E arrebenta mais,
Pois o amor
É a coisa mais linda
Quando o vento traz.
Pois o amor
É a coisa mais linda
Quando o vento traz.
Se a mulher cultiva essa vibração
Até
Se no casamento da paixão,
Será desvairada, possessa e meretriz,
Uma louca varrida e sem juiz.

Céu, tão grande o céu
Estrelas que são de ninguém
Mas que são minhas
E de você também
Sobre você também

Mas apesar de toda essa vergonha
Com ele ainda a alma sonha
Fiar a renda cuja lenda
Deus há de cifrar.
Fiar a renda, lenda,
Será deus quem decifrar.

Pois o amor
É a coisa mais linda
Quando o vento traz.
Pois o amor
É a coisa mais linda
Quando o vento traz.