G.Fábio Madureira
“Soninho, meu filho vem cá pegar…”
“Do lado de lá, você é o pai e eu, o filhinho…”
“Raios que entram na casa e penetram a mente…”
Com essas musiquinhas, que para meus filhos compus,
tentava embalar-lhes os sonos e os sonhos,
encarando a minha sensação de inferioridade!
Crescendo em seu ventre
sente a mãe o rebento.
Eis para mim, pai, um interdito.
Sentia-me inferiorizado.
Mas com a dimensão da energia,
em especial, a material humana,
onde o gênero não conta,
nem tão pouco a distância,
essa frustração foi ficando no passado:
mesmo no ventre da companheira
já se exerce, em plenitude, a paternidade,
seja para o bem, seja para o mal.
E quando o filhote sai do útero da mãe
e vem para o útero do mundo
mais se igualam os papéis.
Já que a nobreza desse papel,
seja da mãe, seja do pai,
está em se saber dosar
o desligamento do filho.
Mais do que isso, porém,
é se saber estimular o religamento
com o Pai de todos nós.
Eis porque continuo cantando
para alimentar-lhes a vida:
“Levar, pro lá,
pro lado de lá
e poder sonhar…”
com tudo de bom:
“Onde só tem amor.
Só tem calor.
E nenhuma dor.
Com as pedrinhas do dia-a-dia
a gente joga as três marias
e tudo vira uma folia,
os óinhos brilham de alegria.”
“E vivendo o calor
da doçura que o faz
construindo o amor
prum novo mundo de paz.”
E nessa busca de se religar
com a Fonte da vida
nós, pais ,apontarmos,
para o filho-irmão,
o verdadeiro caminho
no exemplo do Irmão maior,
o Primogênito de todos,
e que a todos ensinou
O PAI NOSSO!