O joelho da benzedeira de 105 anos
Como o saber hegemônico vai dizimando a Sabedoria Popular!
No dia 14 do mês de setembro de 2007, levei o litro de conhaque da vó Jovelina, a benzedeira. Ela gostava do Cortezano. Ia aproveitar pra ver se ela topava visitar minha mãe pra benzer os seus joelhos que, já de algum tempo, doiam muito, e, por isso, muito difícil sua locomoção, principalmente se tivesse que descer as escadas da casa da Vó.
Nem cheguei a fazer a proposta. Logo que lhe perguntei como estava, contou-me sobre o estado de seus joelhos, principalmente o direito, e levantou-se pra me mostrar. Seu corpo tremia todinho. Parecia que estava estrebuchando. Até brinquei com ela dizendo que o espírito estava abaixando. Tive que ampara-la para não cair e voltar a se sentar.
A Maria, sua filha, contou-me que a havia levado ao médico. Disseram que não tinha remédio. Era aquilo mesmo! Que não tinha jeito, não! Afinal, ela já era uma senhora de mais de 100 anos, estava com 105! E chega num ponto que o corpo se desgasta e não mais responde.
Disse à Maria que não punha muita fé na medicina que aí está, porque ela desconsidera a dimensão da energia na matéria. E que eu iria tentar uma técnica que atua nessa dimensão da energia e que acreditava que daria certo.
Durante algum tempo aterrei o joelho direito da Vó. Suei nos sovacos de escorrer até a cintura. Ela também suou bastante.
Aproveitei para voltar a insistir com ela sobre a necessidade de ficar com os pés no chão. Principalmente ela que ainda benzia. Contei-lhe a historinha da criação: vários bichos com casco e o homem sem. Por inveja o homem resolve fabricar o seu (o sapato) e deixa de sentir a terra. E é por ela que a gente se defende das energias ruins, pois que as puxa para si. Expliquei-lhe que o que eu fazia era só isso, aterrava: saiam por mim as descargas que naturalmente deveriam ser puxadas pela terra. Por isso a importância de se ter, ao máximo, os pés no chão.
No outro dia, domingo, voltei. Ela estava com os pés no chão. Sua filha me disse que desde sábado não voltou a se calçar. Tornei a aterrar seu joelho, agora com a imantação da água, descarregando na água de um copo as energias que saiam do seu joelho. Ao final, disse-lhe para tomar bem devagarzinho aquela água e, a cada gole, lembrar-se do frio e da secura da alma, e pedir perdão (Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!), pois que é esse frio da alma que faz todo mal: a energia material humana mortal/negativa que a gente produz, reproduz e compartilha, e que é frígida, fétida, seca e salamarga.
Na segunda feira voltei. Antes mesmo que lhe perguntasse como estava, ela fez questão de dar uma volta pela sala. E estava firmezinha! De toda maneira achei melhor dar um repasse no joelho. Pedi um copo com água para a Maria e, surpreso, soube que ainda havia um resto da de domingo.
Após a Vó esgota-lo, enchi-o novamente e imantei a água com o resto que ainda tinha do joelho. Quase nada! Tanto que praticamente não suei. Nem ela.
E ela estava tão feliz que perguntou pra filha:
– Maria, ocê topa voltar comigo lá naquele médico que falou que não tinha jeito porque eu já tou muito velha? Quero dar um chute na canela dele pra mostrar que os meus joelhos tão tinindo…
Quando cheguei à ong, contei para quem lá estava. De chofre alguém que estava com dor de joelho associou o mal da Vó com o seu joelho e do da minha mãe. Com o que eu concordei. Afinal, a energia circula em um sistema por ela formado, não tendo fronteira nem de tempo nem de espaço.