G. Fábio Madureira
Nunca gostei de perfume
fora de sua fonte.
Sempre curti os cheiros
de todo ser vivente
e ojeriza a odores
de todo ser morrente.
Não afago o medo.
Não visto fantasias
nem dou trela a fantasmas.
Com meu olhar
já se derretem
os papéis da representação
e não pego mais garupa
na vassoura da bruxa
nem aceito mais carregar
da bandeira apenas o pau.
Rasgou-se a fantasia.
Desnuda-se a energia.
Até parece que superei
o reino da alienação
o mundo da falsidade
e o modelo da ilusão.
Mas em perfeito juízo
sempre pus fé nos sonhos
que nasçam do coração
que tenham os pés no chão
e o olhar no paraíso
Continuo a querer
uma fada sem varinha
pra podermos reviver
a inocência original,
bandeira minha
do início ao final.