G.Fábio Madureira
Amo-te, oh! Mãe,
de Eva a herdeira
que foi a primeira
a se rebelar.
Amo-te pessoa
sem loas nem mito,
pois em mim ressoa
o que por ti sinto.
Não foi rebeldia
de um ser qualquer.
É que entrevias
a Deus parecer.
Ser do cio escrava,
um simples animal,
já não agüentavas
buscavas o imortal.
Pra mim, com certeza,
o mito de Adão
é da natureza
o nó da evolução.
Sapo tem girino
que vira outro sapo.
Só um ser divino
pra mudar o papo.
Foi o ser humano
que, se rebelando,
criou outro plano
mudando o legado.
Perdeu divindade:
instaurou a dor.
Ficou na saudade
de ser só amor.
Mas com sua perda
impôs desafios
e com sua queda
obrigou o envio
de um Deus Salvador
pra repor nos trilhos
a busca do amor.
Não é mais o cio
que nos determina,
é a visão do Trio:
dimensão divina.
Potência ao quadrado
do humano ser
cio superado
por Quem quis morrer
na Cruz reavendo
com todos seus ais
o Deus se perdendo
pelos nossos pais.
Mãe, na cruz te prego
pra matar o mito
que sempre me pego
se fico no rito
dessa consciência
de uma mulher perdida
sem sua potência,
vítima da vida.
Que és só bondade
queria sentir,
mas a divindade
deixaste fugir.
O ser natural
só tenho a amar,
o artificial
me resta assuntar.
É que tua busca
do elo perdido
em nada ofusca
o que tens vivido.
Antes, ao contrário,
é-me inspiração
pra fazer sacrário
do meu coração.
Quero-te divina
pela cruz salvada
pra que minha sina
seja melhorada.