Os anos engatinham.
Os meses andam.
Os dias correm.
As horas voam.
O tempo passa,
e com ele eu vou…
O pinto pia.
O gato mia.
O mundo só gira.
O tempo dá o pira,
e com ele eu vou…
O cachorro late,
(Mas não o maltrate!)
tudo vai embora.
O tempo dá o fora,
e com ele eu vou…
Há muito sem nome
que vive com fome.
O rico mui come.
O tempo logo some,
e com ele eu vou…
Vai o tempo,
vai tudo.
Só resta o mundo
que já mandou meu avô
e atrás dele eu vou…
O tempo finda,
mas eu tenho ainda
a minha vida
que Deus me legou.
Ao encalço d’Ele eu vou…
Vou ao seu encalço,
mesmo descalço.
Pois, descalço ou calçado,
está o mundo minado
da foice e do machado
da morte que arrasa.
E com ela eu vou…
Vou com ela,
por ela e nela.
Só sei que
tudo acaba,
tudo morre,
o dia corre,
e vem a morte,
a última sorte,
e com ela eu vou…
G.Fábio Madureira – 1964