Não se pode negar a importância histórica e relativa desta data. Afinal, ela expressa, de alguma forma, o início do reconhecimento da sociedade patriarcal sobre o valor da mulher. Valoração, infelizmente, ainda restrita a algumas áreas, em especial a econômica. O cerne da ideologia patriarcal, entretanto, continua intocado e até mesmo intocável: a mulher é um ser sexualmente não referenciado. Ou pior, ela continua sendo referenciada pelo homem através de algo seu (o clitóris ou pequeno falo) que lembra a referência masculina.
Apesar de sua importância, não se pode negar que a existência desta data sinaliza a permanência da hegemonia do patriarcalismo, pois que, numa sociedade assentada na igualdade de gêneros, todo dia é dia da mulher e do homem.
Na dimensão da energia todos somos potencialmente iguais, como produtores/reprodutores da EMH = energia material humana. As diferenças biológicas existem para possibilitar o processo de complementaridade humana, em especial, entre o homem e a mulher, na sua vivência da fusão genital. O respeito a essas diferenças é que proporciona a verdadeira igualdade.
Nossa missão é lutar pela conquista dessa igualdade, por acreditarmos que o verdadeiro amor só é produzido numa relação entre iguais, numa relação em que ambos sejam sujeitos. E essa igualdade só se dará, de fato e de direito, no momento em que se tomar consciência de que a mulher é um ser sexualmente referenciado. Ou por outra, que a mulher tanto pode ser potente quanto impotente, tudo depende de sua capacidade de saber lidar com a dimensão da energia material humana – EMH.
E isso é determinante, já que na vivência de sua potência a mulher produz a Energia Material Humana Vital/Positiva (EMH+), sendo co-partícipe do modelo sexual da fusão genital. Por isso, na Sabedoria Popular, buscava-se uma companheira virtuosa para se casar, pois é pela virtude que se cultiva a EMH+. Ao contrário, na vivência da impotência se cultivam os vícios, produzindo-se e reproduzindo-se a Energia Material Humana Mortal/Negativa (EMH-), cultivando-se o modelo sexual da fissão genital.
Acreditamos que a vivência consciente da potência genital pela mulher (contração e intumescimento vaginal) seja a condição necessária para a superação da sociedade patriarcal e a construção de um mundo novo, pois que habitado e sustentado por um novo ser humano, aquele gerado pela:
Poética potência
Afirmo a fêmea potente
em toda a sua inteireza
que se dá como um presente
das forças da natureza.
De uma potência dialética,
pulsante e perceptível,
que a tal da ciência cética
vai tornando invivível.
Viva a fêmea energia
da natureza em nós
pulsando em harmonia
pelo ritmo do cosmos
e com a vida em poesia
reatando nossos nós.
Por tudo isso a SER em SI fundou e tenta implementar o MARF – Movimento de Afirmação da Referência Feminina, cujo manifesto se encontra disponível em nosso site, valendo a pena a sua leitura.