G. Fábio Madureira
Tira o dedo daí
Coisa feia!
Que nojeira!
Cadê a educação?!
Deixa de ser porco!
Vai ter festa amanhã?
Tá limpando o salão!
Nada me convencia.
E eu persistia
na minha arte
de me livrar
daquele traste
E que alívio!
Que ar gostoso
que inspirava
quando da casca
eu me livrava!
Me livrava não.
Meu nariz sim.
Mas os meus dedos
com sua destreza
articulavam
a tal bolinha
que no meu canto
era só minha.
E aqui e agora
com minha fé
é que a canto.
Por ela me livrei
hoje bem sei
de um tanto
de descargas
de heranças
pesadelos
noites amargas
Por sua causa
conservei
bastante
ainda ativo
do meu sentido
mais primitivo
Por seu porte
dei o corte
no umbigo
cujo sentido
trago comigo
Sem ela
hoje talvez
não pudesse
com altivez
a todos gritar
que a vida
é festa sim
e pra ser vivida
até o fim
tem-se que limpar
desde cedinho
nosso salão
pois na limpeza
a vida baila
e o coração pulsa
no tom da pureza
ao ritmo da natureza.