Castração pela gula: respiração comprometida!
“Se é ruim, pra que comer? Se é bom, pra que correr?”
Faz-nos sábios repararmos em como as crianças saudáveis vivenciam suas funções naturais!
Em nosso informativo de abril deste ano comentamos a repressão que se tem dado ao movimento de sucção, natural e espontâneo, quando a criança inicia a sua relação com os alimentos sólidos. Vimos a importância dessa repressão no processo de castração do indivíduo.
Hoje vamos deslocar nossa observação para o modo de respirar dessa criança. Como sempre, é preciso que ela seja saudável e esteja tranqüila e, de preferência, deitada em um lugar confortável e sem camisa. Sem muito esforço, vamos verificar que os movimentos de sua respiração coincidem com o levantar e abaixar de sua barriguinha. É essa a nossa respiração natural: a abdominal.
E por que vamos perdendo esse hábito?
Uma das principais causas é o tipo de relação com o alimento que vamos, aos poucos, impondo às nossas crianças: obrigando-as a ingerir algo de que não gostem; determinando seus horários de se alimentar de acordo com a nossa disponibilidade; mas, principalmente, impondo-lhes nosso ritmo na sua digestão bucal.
Como temos visto, esse conjunto de fatores vai reprimindo o seu paladar, responsável pela sensação de prazer. Na medida em que os sensores do paladar vão sendo impedidos de se desenvolverem, ao contrário, vão sendo embotados, não se tem mais a medida de prazer e, conseqüentemente, de satisfação. Com isso, esse desejo progressivamente reprimido vai-se tornando na danada da compulsão.
Dessa relação com o alimento, determinada pela compulsão (gula), vai-se consolidando na alma desse indivíduo um medo de si mesmo e, consequentemente, o espírito de ansiedade. Ansiedade que impede a respiração abdominal, transferindo-a para a região peitoral. Aqui, ela vai aos poucos se solidificando e nutrindo a alma de tudo quanto é tipo de medo, ampliando e aprofundando o medo de si próprio. E dá-lhe problemas respiratórios, estomacais, intestinais, sexuais, emocionais e mentais. Torna-se alguém inseguro, de baixa ou falsa estima, terreno fértil para todos os vícios e fantasias.
Sem acesso aos seus reais desejos, tal indivíduo se pauta por um conjunto de vontades que diz serem suas, mas que apenas refletem as vontades de seus formadores. E quanto mais as vivencia, mais reforça sua ligação aos ancestrais e mais ansioso fica, porque nunca se satisfaz.