O prazer de viver
FLÁVIO FRICHE*
Estava eu, dias desses, lá na fazenda do Tumba, divisa de Brumadinho com Moeda Velha, em prosa animada com o sr. Chico Grota (Francisco Pereira, mas ninguém o conhece por esse nome…). Ali, na encosta da serra dos Maias, ele vive e tem a sua herdade, já de quarta geração…
Lá pelas tantas, a respeito de um assunto entrado na conversa, Chico Grota, do alto de seus 93 anos, ergueu serenamente a mão direita como a pedir pausa e atenção. E disse-me assim: “O nome faz o homem, meu filho…”
Neste instante, recordei-me, de imediato, do livro “Racionalidade da Sabedoria Popular”, de G. Fábio Madureira, que li nos originais e que será lançado amanhã, segunda-feira, às 19h30, na sala “Juvenal Dias” do Palácio das Artes.
Livre e fluida, a energia material humana, tema de fundo do livro de Madureira, está pulsando viva e positivamente no corpo, alma e espírito daquele bom homem do campo, de olhos azuis vivazes e brilhantes, e conversa solta.
Como demonstra Madureira, essa energia vital, no entanto, está bloqueada e, pior, tornou-se negativa e mortal na imensa maioria dos humanos, homens e mulheres que habitam esse pedacinho de um infinito universo. E essa inversão do pólo energético humano é a causa maior das angústias, depressões e do mal-estar (íntimo) da grande maioria das pessoas, conforme analisa o autor.
Para religar a tomada no pólo positivo da vida, Fábio Madureira fornece em seu livro, sem receitas pré-fabricadas, o processo e o método da mudança. Uma chave para isso é distinguir a diferença radical entre prazer e alívio, avisa o autor.
No nível das necessidades e dos desejos humanos, incluindo o sexo (que deveria ser – e o é primordialmente – raiz da existência), essa diferença faz uma diferença muito maior. Ou seja, aquela entre “viver morrendo”, sob a forma de alívios efêmeros, e viver verticalmente, para a frente e para o alto, com todo prazer!…
Extraio, do preâmbulo do livro, essa “pérola” – que dedico aqui ao seu futuro leitor: “A compreensão do óbvio é o passaporte para a visão do infinito. A sabedoria popular é a ciência do simples tratando do óbvio. O mesmo óbvio que o modelo de conhecimento dominante nega, esconde, falseia ou mitifica, criando um mundo de ilusão, fantasia, miséria e violência”.
O livro tem muito mais. Tem 274 páginas diretamente dedicadas a você, caro leitor, com esse aviso aos navegantes: é tempo de mudar o rumo da nave Terra para que seus passageiros de novo desfrutem, com imenso prazer, dessa extraordinária jornada cósmica. Nesse livro, Madureira sinaliza esse caminho de reencontro com o prazer de viver.
Muito obrigado, Fábio, por essa obra de grande pensar e muito sentir. Em meu nome, do Chico Grota (com toda certeza) e, assim espero, da grande irmandade humana. Correi, leitor: vale a pena viajar com Madureira…
*Jornalista, Flávio Friche é membro da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – e ex-presidente da Casa do Jornalista de Minas Gerais.