G.Fábio Madureira
Oh! Sol, meu sol,
que eu te vele
para da pele
seres farol.
Oh! Sol , meu sol
que tua mira
apenas fira
da alma o nó.
Não queimas nada
na nossa veia
mas nos clareias
a face errada.
Tu és o estômago
deste sistema
e és o âmago
deste poema.
Tu não pipocas
a nossa pele,
é nossa toca
que está sem Ele.
Se a gente ferve
não és culpado,
pois não nos serve
nosso pecado.
O que tu fazes
é aflorar
as nossas fases
de um penar.
Pois o desejo
em si reteve
e pelo pejo
amor não teve.
E essa sina
que foi tecida
tu só refinas
com tua vida.
Apenas tocas
com teu calor
a vida oca
do nosso humor.
Não és a causa
do nosso mal,
tu pões é pausa
no inferno astral
que não é do astro
que advém
é apenas rastro
do nosso além
que aqui ficou
pra nos queimar
e em ti fixou
seu desculpar.
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Se aqui e agora
com ti dialogo
quero por fora
o fogo logo.
Retire o atrás
dessa aflição
e deixe em paz
meu coração.
Que pulse forte,
bem destemido,
rumo a seu norte,
firme e furnido
do teu calor
que é só bom
e a meu amor
tu dês o tom.
Um tom candente
em melodia
sem água ardente
no dia-a-dia.
Não a da cana
que muitos glosam,
mas de Eva e Ana
que herdei uma grosa,
que é água sim
e mui pesada
dentro de mim
me põe em guarda
com tu que és
o astro rei
pondo em meus pés
as reais leis
de a natureza
só respeitar
para a pureza
reencontrar.
Pois se sou puro
de ti extraio
e não me fura
o teu bom raio
que me ilumina,
do além me limpa,
com a luz divina
me põe na grimpa
pra só sentir
o bom da vida
e o porvir
melhor ainda
com meu estômago
a ruminar
o vindo do âmago
do teu clarear
que não é gás
pois que é luz
trazendo a paz
pra quem transluz
____ _ ____
A minha luz
se apagou
o que traduz
como que sou:
meu concorrente
comigo mesmo
de ser só gente
sem estar a esmo,
pois se tal luz
não merecia
em ti eu pus
todo o meu guia
para que eu possa
me reencontrar
com tua força
a me guiar
por estas bolhas
que em mim pipocam
sentir as rolhas
que me sufocam.
Rolhas retidas
em minha garganta
prendendo a vida
que me encanta,
que são entraves
no meu andar
que mas destraves
do calcanhar,
mas sobretudo
me deixe solto
pra com outro mundo
esteja envolto:
um mundo novo
de puro amor
com o seu povo
sendo o senhor.
Que de minha alma
se arranque o cravo
que com a calma
me deixa parvo.
Se tu me queimas
é na cabeça,
que desse edema
não mais padeça:
do mal que ferve
em minha cuca
a minha verve
seja a desculpa.
Se aqui na testa
minha luz dói,
minha mente inquieta
remói, remói:
onde errei?
o que mudar?
pra com o astro rei
poder transar
não tendo medo
desta alergia,
mas solto e ledo
como te curtia
Que me libertes
dessa agonia
pra que me acerte
com a harmonia
da natureza
pura em nós
dando firmeza
pra sermos sós
sem solidão
pois tendo amor
com muito ardor
no coração.