A fonte do verdadeiro prazer
“De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.”
Rui Barbosa – 1914
Qualquer sistema energético se mede pela sua potência. Como tal, é por ela que nos avaliamos. Quanto mais potentes nos sentimos, mais realizados e seguros nos tornamos.
Só que nós, seres humanos, pelo processo de evolução cultural aprendemos também e, às vezes sobretudo, a agredir nossa própria natureza. E como sistemas energéticos, ao nos agredirmos, consciente ou inconscientemente, produzimos/reproduzimos a tal da energia material humana mortal/negativa.
Daí que podemos ser potentes para vivificar ou para matar. Para construir ou para destruir. Mas não importa. O que buscamos é sempre ampliar a nossa potência.
Com a progressiva e paulatina negação da nossa dimensão energética por parte do saber mecanicista-tecnocrático, temos perdido o sentido para onde ampliar a nossa potência. A tal ponto que não mais sabemos distinguir prazer de alívio e, consequentemente, virtude de vício.
Virtude é a vivência de nossa potência na produção/reprodução da energia material humana vital/ positiva, aquela que vivifica, que constrói. É nela que se vivencia a verdadeira dimensão do prazer, que nos traz satisfação e propicia o gozo. É necessário, pois, que estejamos em paz, com nosso
sistema em harmonia, para que, fruindo o processo da energia material humana vital/positiva, sintamos o verdadeiro prazer
Mas como não mais aprendemos a nos desfazer das cargas de energia material humana mortal/ negativa, ao contrário, estamos é refinando os meios e modos de com ela convivermos, nossa sensibilidade é alterada (da in à híper), tornando-nos gradativamente impotentes para fruir nossas relações. Por isso, passamos a confundir alívio com prazer e, no geral, temos chamado de prazer aquilo que não passa de alívio. Quem se corta (se mutila) jamais terá prazer ao fazê-lo, mas certamente sentirá um certo alívio. Isso porque qualquer relação que gere alguma descarga de energia material humana mortal/negativa nos dá uma sensação de alívio, gerando um bem- estar, ainda que seja apenas momentâneo. Dessa forma, o vício passa até a ser considerado e difundido como fonte de “prazer”
E é no cultivo dos vícios que temos produzido/reproduzido cada vez mais a tal da energia material humana mortal/negativa, num progressivo processo de destruição e de auto-destruição. Pior ainda, com a ilusão de estarmos vivenciando e ampliando nossa potência, quando, na verdade, estamos nos impotencializando enquanto sociedade e seres humanos, a médio e a longo prazo. Na sabedoria popular sempre se disse que “a natureza não revida, vinga”.
E a natureza já está mais do que dando seus sinais!
Aprofunde essa reflexão lendo a poesofia ‘Virtude”