Natal: início do ciclo virtuoso
No Natal comemoramos o nascimento do “Verbo que se fez carne e habitou entre nós”.
Através da palavra [verbo] Ele nos ensinou:“Seja feita a vossa vontade assim na terra como [é feita] no céu”.
Sua vontade está explicitada nos seus Evangelhos.
Antes dos Evangelhos, porém, ela já fora inscrita em nossos corações. Somos natureza e é através dela que Deus também fala conosco.
Certamente, por isso, o ser humano, na sua evolução, tem buscado ser cada vez mais senhor de sua própria natureza. Nessa busca, entretanto, nem sempre tem respeitado às leis dessa mesma natureza, agredindo-a. E assim passou a produzir/reproduzir a energia material humana mortal/negativa (EMH-). Sem conhecer a origem e funcionamento dessa energia, cada vez mais a tem produzido e, consequentemente também, cada vez mais reprimindo seus desejos, produzindo um ciclo vicioso que nos leva a considerar como prazer aquilo que não passa de alívio.
Foi para quebrar esse ciclo vicioso e permitir a continuidade e a evolução da espécie que o Verbo se fez carne, habitou entre nós e revelou-nos a vontade do Pai.
Só que ainda não tomamos consciência da origem desse ciclo vicioso. Continuamos a cultivar o saber ao qual Ele veio se contrapor. E, assim, o Cristianismo ainda não se tornou verdadeiramente a inspiração de nossas práticas do dia a dia, de nossas vidas.
A Sabedoria Popular conseguia escutá-Lo e entendê-Lo, pois sempre considerou a dimensão de energia na matéria. E foi dialogando com a Sabedoria Popular que o Cristrianismo cresceu e se expandiu.
Essa mesma Sabedoria Popular, porém, não tendo consciência de si mesma, foi e continua sendo dizimada pelo saber mecânico-tecnocrático, reprodutor da civilização grego-judaica, que reduziu a matéria apenas à sua dimensão de massa. Com isso, na luta dialética entre o Bem e o Mal, esse último tem conseguido não só manter como também até ampliar sua hegemonia.
Recuperando-se a dimensão de energia na matéria – que na realidade humana é a energia material – o Verbo passa a ter sentido, pois é nossa carne que passa a dEle e de seus ensinamentos precisar. Só através dEle podemos nos purificar das heranças de um saber construído em cima de uma matéria reduzida apenas à dimensão da massa.
Que neste Natal ouçamos a nossa própria natureza, deixando que o Verbo se faça, antes de tudo, em nossa própria carne. Assim nossos corações se tornarão mensageiros de paz, justiça e amor e seremos verdadeiramente sujeitos do ciclo virtuoso que Ele inaugurou: passaremos a viver a real dimensão de prazer, no cultivo das virtudes.
Feliz Natal e um 2020 na vivência desse ciclo virtuoso!