Feliz Páscoa!
Que esta Páscoa seja uma oportunidade para refletirmos sobre o crescente processo de desumanização!
Na Sabedoria Popular a gente aprendia a se livrar das cargas de energia material humana negativa/mortal, para podermos potencializar nossa capacidade de sentir. Sabíamos claramente distinguir alívio de prazer. E como era prazeroso viver! Nosso modelo era o enxuto. Nosso objetivo, ser virtuoso buscando a nobreza de espírito: honesto, responsável, independente, simples, sóbrio, solidário e trabalhador.
Mas veio o saber mecânico nos ensinando que não passamos de máquina. E para curar nossas dores é só tomar um analgésico, uma anestesia ou algum remedinho mais especializado; para nos livrar de nossos incômodos é só usar perfume, cosmético ou desodorante. E passamos a ser máquinas bem lubrificadas! Basta comer bem (?!) e fazer exercício físico.
Com isso, tornamo-nos insensíveis, frios e agitados. Não sabemos mais curtir o verdadeiro prazer. Chegamos mesmo a chamar de prazer aquilo que, na realidade, não passa de alívio.
Que a Páscoa seja uma oportunidade para refletirmos sobre essa calamidade: o ser humano se desumanizando cada vez mais, a ponto de não mais saber distinguir virtude de vício/pecado, achando “um barato” agredir a sua própria natureza e aquela que o cerca.
E Cristo continua sendo pregado na Cruz! Hoje, paradoxalmente, até por alguns (?!) de seus discípulos!
“Chegada a plenitude dos tempos…”, Ele veio para combater exatamente essa visão mecânica do homem e do mundo, que, já tendo se sistematizado, colocava em risco toda a criação. Principalmente por ter reduzido a matéria apenas à dimensão do visível, do tangível e do mensurável, negando-lhe a dimensão da energia. Por isso, pregou a centralidade do espírito. Para isso, provou a força do amor.
Mas nossa visão mecanicista tem-nos impedido de compreendê-Lo e, principalmente, de vivenciar sua mensagem.
Que ao celebrarmos o Cristo ressuscitado nos inspiremos em seu Espírito, para recuperarmos a dimensão da energia na nossa relação com esta realidade material que, por enquanto, ainda é a nossa morada!
E voltaremos a sacar e valorizar o espírito das ações, das palavras e dos gestos! Como o enxuto da Sabedoria Popular. Veja a poesofia.