NATAL: convite à humildade
Aos homens do povo, os pastores, o anúncio foi feito diretamente por Deus através das vozes de seus anjos, que, em seguida, entoaram: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!”
Aos nobres homens da ciência oriental, os reis magos, o nascimento do Salvador foi anunciado por Deus, indiretamente, através de um sinal da natureza que seu saber permitia intuir: a estrela guia.
Aos nobres homens da “ciência” ocidental, a greco-judaica, Deus já não conseguia mais falar, nem direta nem indiretamente. Seu saber já se baseava em uma noção de matéria que negava a dimensão da energia. E, assim, esse saber se espalhava e se consolidava na negação da dimensão do espírito e no endeusamento apenas da letra da lei, implantando o reino do orgulho e da aflição.
Por isso enviou o seu Filho para recuperar a dimensão do espírito e ser o exemplo ideal de humildade e de paz.
“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!”
Boa vontade é nos sabermos gregários. É se ter a consciência de sermos seres em construção, em evolução. É, portanto, nunca nos sentirmos prontos, pois só nos desconstruímos/reconstruímos coletivamente. E essa ação coletiva só será eficaz se forem humildes os seus sujeitos. Só a humildade nos dá a consciência de nossos limites/potencialidades individuais e coletivos.
Talvez seja essa a marca principal da Sabedoria Popular (os pastores). Certamente pela sua proximidade da natureza, sabendo-a poderosa e de dela depender completamente a sua sobrevivência. Daí o seu respeito a ela e o zelo em com ela se relacionar.
Contrariamente, nosso saber mecanicista/tecnocrático, expressão máxima da cultura Greco-judaica, tem-nos levado a uma relação cada vez mais de agressão à natureza, tornando-nos egoístas, orgulhosos e soberbos, a ponto de ensinarmos a nossos filhos não a humildade, mas o medo de cultivá-la.
Seria essa, então, a principal marca de nossa atual cultura: o medo da humildade?!
Por isso que Cristo veio combater esse saber, contrapondo-lhe um outro que leve sempre em conta a dimensão do espírito e, em especial, o espírito da humildade. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma “
Esse é o principal espírito de alguém de boa vontade: para sobreviver, para viver, para conviver, para amar.
Só na paz viceja o verdadeiro amor (lógica do prazer). Já a aflição é o terreno fértil do desamor, do ódio, do orgulho, da inveja, da gula, da luxúria e da cobiça (lógica do alívio).
Deixemos que Ele renasça em nossos corações! Que neste Natal busquemos expulsar de nós mesmos o espírito do orgulho e da aflição, para dar lugar à paz e à humildade. E oremos ao Menino-Deus:
“Jesus manso e humilde de coração tirai de minh’alma toda a aflição,
deixando só vossa paz no meu coração. Só paz e humildade, no meu coração!”