A mulher e sua potência vital.
“Ser ou não ser, eis a questão.” Para nós, porém, a questão é mais profunda e desastrosa: é não se ter esta questão, colocando sua referência no outro, fora de si. E esse tem sido historicamente o principal fundamento da cultura patriarcal ao tratar da realidade feminina.
Por isso, a principal finalidade da SER em SI é lutar pela superação da sociedade patriarcal e de todos os seus filhotes, principalmente o capitalismo, para que, de fato, passemos a desenvolver uma sociedade que cultive o amor na sua verdadeira acepção. Faz-se necessário, portanto, que identifiquemos e superemos as desigualdades entre os seres humanos na sua dimensão essencial, porque na dimensão funcional sempre seremos diferentes e desiguais.
Como se pode produzir amor numa relação entre seres potencialmente tidos como desiguais? A propalada desigualdade de potência entre homem e mulher é a base principal da sociedade patriarcal. Aliás, pior do que se saber impotente, é nem se ter a consciência de potência ou impotência, é a tal da irreferência feminina, já explicitada por Aristóteles e reforçada por toda a literatura posterior, culminando com o nosso mestre Freud.
Em função disso, a SER em SI lançou como um de seus principais projetos o MARF: Movimento de Afirmação da Referência Feminina, cujo manifesto se encontra em seu site. Ele merece ser lido e refletido, principalmente nesta data em que comemoramos o dia internacional da mulher, pois que requalifica a histórica luta das mulheres em busca da igualdade. Nele explicitamos “que a potência orgástica tem como base material necessária, porém não suficiente, a consciência e vivência da potência genital, cuja expressão material é o intumescimento e contração vaginal.” Leia-o em sua íntegra: https://www.seremsi.org.br/index.php?link=20&id=1
Tudo isso se explica pelo sentido da História humana que é a superação do cio biológico na busca do psicobiofísico, recuperando-se a capacidade de se vivenciar a complementaridade do nosso ser através da fusão genital. .Pena que o conhecimento até hoje dominante só fez e faz aprofundar a realidade do anti-cio (fissão genital), gerando o modelo de relação produtor/reprodutor da Energia Material Humana mortal (EMH-), matéria prima da inveja, do ódio e dos demais males e vícios! Talvez, por isso, cada vez mais estamos perdendo as referências sexuais que nos humanizam e nos tornam sujeitos/objetos de amor!
Quando conseguirmos produzir e disseminar um saber que recupere a dimensão de energia na nossa visão da matéria, em especial, da materialidade humana, começaremos a trilhar o caminho da prometida “vida em abundância”, sendo, de fato, “dois em uma só carne” e vivenciando uma:
POTÊNCIA DESCONHECIDA
Quero compor um hino
à potência feminina
que pelo histórico destino
de não se realizar
ficou à sombra do poder
que, em luta com seu par,
só ajuda a crescer.
Potência feminina
multiplicada
e não somada
à potência masculina
dá a humana medida
da potência desta vida:
é o Homem elevado
a uma potência desconhecida.