Parto le Boyer

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.
Parabólica
02/04/2020
Pau já é pedra
02/04/2020

Esse parto mais natural não pode ser implementado porque as mulheres de hoje não conseguem agachar.

 G.Fábio Madureira

No início dos oitenta

lá em casa apareceu

a cegonha que sustenta

um pouco do nosso eu.

Quando o doutor me explicou

o futuro tratamento

uma dúvida me aflorou

sobre um procedimento:

o tal parto le Boyer

que em voga se dizia

com muito a oferecer

para a mãe e para a cria.

Com um sorriso bem maroto

respondeu-me o doutor

que também quando garoto

agachava sem ter dor:

“Logo, logo eu desisti,

me cansara de tentar,

é que as mulheres daqui

não conseguem agachar.

Não adianta exercício,

agachar não mais suportam,

para elas é um suplício

e as crianças sufocam.

Esse é o parto natural

que só o bem produziria

mas com elas gera é o mal:

só o sofrimento  cria.”

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Agachar pra nós crianças

era um gesto corriqueiro,

nossa vida era mansa

agachando o dia inteiro:

para o leite ordenhar

quentar fogo no fogão

sobretudo pra cagar

era essa a posição

esperar a jardineira

no paiol debulhar milho

contar causos na fogueira

para a índia ter seu filho

era essa a posição

de jogar bola de gude

de se tocar violão

eu não sei como é que pude

perder a minha destreza

sempre tonto ao levantar

e hoje com muita tristeza

já não consigo agachar

Quando se agacha se assenta

em cima do calcanhar

que hoje não mais agüenta

um corpo a se maltratar.

De cara tem o sapato

que da terra nos desliga

e o resto do aparato

com a natureza inimiga.

Logo depois dos meus vinte

agachar não mais podia

e pra mim era um acinte

perceber o que sentia.

Foi aí que começou

em minha vida um calvário

e em minha alma se instalou

do meu prazer o contrário.

Não o prazer masoquista

de quem sofre a natureza

mas aquele que resista

às agressões à pureza.

Hoje entendo esse meu mal

e dele vou me livrar

mesmo sendo anormal

diante de muito olhar.

Desta civilização

terei de me desfazer

pra gostosa posição

eu conseguir reviver.

E agachado bem gostoso

por pra fora esse mal

que meu sistema mucoso

inoculou por igual

deixando-o todo aguado

e meu prazer diminuto.

Ser dessa água livrado

voltando a ser enxuto

será esse o meu parto

produzindo um novo ser

com a criança que reato

pelo sonho le Boyer.