Desde menino
quero ser dono
do meu destino.
Com toda esperança
muita fé vou pondo
no resgate da criança.
Que o limite
de minha potência
sempre coincida
com esta querência.
Que nesta vida
onde pouco se escolhe
eu tenha a ciência
da sina que me acolhe.
Que aquilo que resta
do tudo que em todos existe
eu veja pela fresta
do assuntar-me em riste.
Que dos cem de que a vida é feita
pelo tanto que pra mim sobrou
eu saiba abrir o peito
ao resto que a História montou.
Que com a potência dos dois
eu transe o resto da História
pra que hoje e depois
jamais eu perca a memória.
E transando este resto
eu seja um ator ativo
e que todo o meu gesto
me mantenha forte e vivo.
Forte pra lutar contra um tanto
que o homem não quer nos cem
e por isso por ser pranto
rola só medo do além.
Quanto era bom que soubesse
que a tristeza que o atormenta
nasceu ontem e agora cresce
com a inverdade que reinventa.
Que pra ter o que procura
é preciso destruir
um tanto desta estrutura
que mantém seu existir.
E vivendo o que posso inteiro
com toda humildade
o meu momento derradeiro
seja de tranqüilidade.