Os mortos e a Energia Material Humana.
G. Fábio Madureira
Que as várias dimensões energéticas se interagem é algo razoavelmente fácil de se entender. Afinal, na realidade energética a idéia de fronteira não pode ser entendida tal como quando se trata da realidade material, pois nessa é a dimensão da massa que dá visibilidade às linhas limites de uma fronteira. Retirada a massa da matéria, a energia daí derivada passa a se subordinar à lógica das dimensões energéticas e não mais à lógica da realidade material. O que vale dizer que a energia material humana (emh) também não tem linhas limítrofes delimitando o seu percurso e/ou alcance, exceto quanto se trata da emh positiva, pois que essa só existe em total equilíbrio com a respectiva massa.
Ao mesmo tempo é a emh que permite e operacionaliza a conexão da dimensão material com as demais dimensões energéticas. Daí a importância de procurarmos entender a lógica de sua gênese e funcionamento, para podermos bem viver a nossa realidade material e aumentarmos o grau de eficácia de nossa comunicação com as demais dimensões energéticas, ou seja, produzirmos o mínimo possível de ruídos para nós e para os nossos interlocutores daqui e do além.
Com tudo isso, muito das realidades das outras dimensões energéticas talvez só viremos a entender quando as tivermos vivenciando. Enquanto isso e também por isso, cabe-nos ir procurando compreender ao máximo a lógica da emh para podermos nos sintonizar melhor com esta e as outras dimensões.
E um princípio que cada vez vai ficando mais claro para mim é aquele enunciado por Cristo ao dizer “que os mortos enterrem seus mortos”. Ou seja, nesta dimensão cabe-nos como missão principal cuidar da vida, o que implica em ter como prioridade a nossa interação com os vivos.
Tudo me leva a crer que o morto-que-enterra a que Cristo se refere é exatamente aquele que não sabe lidar com a sua dimensão material energética. E na medida em que ele ignora ou falseia essa relação, a sua ligação profunda se dá é com o mundo dos mortos, o que vale dizer, com a esfera da energia negativa, das cargas energéticas acumuladas e herdadas a que denomino de inconsciente coletivo histórico. E quanto mais se está ligado a essa herança, menos capacidade tem o indivíduo de vivenciar sua realidade presente. É a famosa expressão popular sobre aqueles que não vêem além do próprio umbigo, ou por outra, ainda não cortaram o cordão umbilical.
Isso o impede de viver o presente. E quanto menos ele vivencia a realidade presente, pois umbilicalmente ligado ao passado, mais tem necessidade (inconsciente) de dar uma sepultura a seus mortos insepultos que vivem lhe cochichando ao umbigo (ou ouvido?).
E o que é um morto insepulto senão aquele que ainda não se desligou deste plano?
O mais complicado, porém, é que, apesar de não ter se desligado deste plano, ele já está vivenciando a lógica de um plano energético desprovido da dimensão da massa. Em assim sendo, ele não tem mais como evoluir na compreensão da lógica do plano material e ao mesmo tempo dele não se desliga, porque não o compreendeu suficientemente quando podia.
Dessa análise podem-se tirar várias conclusões. Uma delas é a relativa ou até incompleta incapacidade dos mortos poderem orientar os vivos. Isso porque, além do que já refletimos até agora, acrescente-se o fato de que a dimensão material está em constante evolução, e a emh resulta da contradição entre as energias positiva e negativa e sua relação com a respectiva massa. E essa é uma contradição que só pode ser resolvida neste plano. Exemplo disso podemos encontrar exatamente entre as práticas que fazem uso da energia dos mortos. É comum vermos seus ministros encaminharem determinados casos para o homem de branco. Ou seja, é que esse caso tem a ver com o estágio atual da relação entre emh e massa. O que vale dizer que suas determinações não se encontram no além (especialidade desses ministros) e seu enfrentamento ou cura passa pela compreensão de determinações deste plano neste momento. Só que geralmente o homem de branco não consegue dar respostas adequadas, já que, na maioria das vezes, as determinações se dão no nível da emh e essa não foi ainda suficientemente estudada sendo, pelo contrário, normalmente negada.