Só voltando a respeitar a sua natureza e a do meio o ser humano se livrará da extinção.
G.Fábio Madureira
Os atuais modelos de sociedade, de conhecimento e de desenvolvimento estão completamente em xeque. Em xeque, portanto, nosso modelo de racionalidade. E não é mais questão de discussão e argumento. É algo visível e a olho nu. Nem mais precisa de termômetro. O planeta arde em febre. E essa febre pode destruí-lo, levando de roldão a raça humana! É o dilúvio de fogo!
A chamada civilização construiu progressivamente uma forma de se viver e de se conviver alicerçada na agressão à natureza. Essa nem sempre revida. Mas sempre vinga. É o que sempre ensinou a sabedoria popular. E estão aí, estampados todos os dias em nossa mídia, os sinais de que chegou a vez da vingança da natureza.
É hora, pois, de mudarmos nossa forma de viver. Ou construímos um novo jeito, com base no respeito à natureza, ou seremos extirpados da face da terra.
Para essa nova forma, esse novo paradigma, muito tem a contribuir a sabedoria popular. Essa, sim, sempre assentou sua evolução e o desenvolvimento de seu saber no respeito à natureza. Não apenas à natureza ambiente. Mas, sobretudo, à própria natureza humana. E vem daí sua facilidade em compreender a necessidade de se respeitar a outra natureza, a que nos rodeia, a ambiental.
Tudo isso porque, em buscando respeitar sua própria natureza, o homem da sabedoria popular sempre sacou que, se, por acaso ou ignorância, a agredia, terminava por produzir uma energia que o impotencializava para a vida. Seus sentidos se atrofiavam, seu vigor diminuía, suas relações se deterioravam, sua interação com outras dimensões da realidade se embotava, sua vida deixava de ter qualidade. Daí a importância que a sabedoria popular sempre deu às práticas de descarrego: toda forma de se livrar dessa energia material humana mortal/negativa.
Essa percepção da dimensão de energia da matéria possibilitou-lhe, também, evoluir numa visão sistêmica e dialética de mundo. Energia não tem fronteiras: nem de espaço, nem de tempo. Dessa forma, passamos a ver que tudo está interligado e interagindo. E se assim é, não há lugar nem para agressão nem para o desperdício. Afinal, se meu gesto interfere no todo, prejudicando, também eu estarei me prejudicando.
Como vêem, temos muito a aprender com a sabedoria popular. E com urgência!
Não só para impedir a destruição do planeta, com a nossa conseqüente autodestruição, mas, principalmente, para podermos adquirir uma verdadeira qualidade de vida.
E esse aprendizado passa pela incorporação do conceito de energia material humana à nossa visão de vida, a fim de sabermos nos livrar da mortal/negativa para podermos, de fato, cultivar a vital/positiva. É nesse cultivo que se encontra o segredo da verdadeira dimensão do prazer.
Por tudo isso, o ideal de modelo a ser buscado na Sabedoria Popular era o da pessoa enxuta. Daí a poesofia que se segue: ENXUTO. Quem não guarda mágoa, má-água, porque não alimenta a energia material humana mortal/negativa, prucurando cultivar as virtudes.