G.Fábio Madureira
Rezam as tais das estatísticas
– que não passam de retrato –
mas em bases científicas,
o retrato vira um fato.
E a mulher passa a ser tida
como um ser sem referência:
pode ser fonte da vida
mas não pode ter potência.
É um mero objeto
da potência masculina,
fonte de pseudo afeto
que a tudo extermina:
a energia mortal,
sustentáculo da inveja,
de relação desigual
que esta ciência enseja.
Rezam que um terço é gozoso,
o segundo duvidoso
e o terceiro impotente.
Mas num discurso pomposo
não admitem que o gozo
seja da mulher dependente.
Até o terço que é gozoso,
pela inconsciência
de sua própria referência,
evolui pra duvidoso
que, por sua vez, se transforma
noutro terço impotente
estando aqui a real forma
de moldar o consciente.
Vira coisa natural
neste reino animal
onde, da fêmea humana,
em relação dita igual
com postura clitorial,
o real gozo nunca emana.
E segue o gozo seguindo
sempre se referindo
pelo falo masculino.
Cada vez diminuindo,
tendo até como findo
o potencial feminino.
Cegando-se a dialética
acabando com a estética
transformando a poética
numa leitura patética.