Por uma teologia da Sabedoria Popular

Superação do cio biológico: A história humana (individual e coletiva) é determinada pela superação do cio biológico da fêmea em busca do cio psicobiofísico.          A Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão da Energia Material Humana na sua visão de mundo.          O afluxo sanguíneo é que gera a potência genital, seja no homem, seja na mulher.          As doenças do corpo e da mente são alimentadas pela energia material humana mortal/negativa.          Fusão genital é o modelo de relação sexual onde homem e mulher vivenciam sua potência genital.          O modelo de vida (individual ou coletiva) da auto-regulação pressupõe a consciência e o enfrentamento da realidade do pecado.          A noção de pecado originária da Sabedoria Popular é porque essa sempre considerou a dimensão da energia material humana na sua visão de mundo.          Para a Sabedoria Popular pecado é a transgressão de alguma lei que rege a natureza humana.          Potente é quem, mais do que em suas capacidades, tem consciência de seus limites e os respeita, buscando sua superação.          A vivência da virtude nos faz potente e a vivência do pecado nos deixa impotente para amar e gozar a vida.          Não existe pessoa desorganizada: uns se organizam para ter paz, outros para ter aflição.
SE SOIS
11/09/2020
45 – Vida conjugal: relacionamento na direção do amor como pulsação cósmica
07/10/2020

Por uma teologia da Sabedoria Popular

Enquanto o Cristianismo dialogou com a Sabedoria Popular ele viveu em processo de expansão.

O Homem é um ser em evolução. Evolução determinada pelo Criador no seu mandamento original: “crescei e multiplicai-vos”. Antes de nos multiplicar temos que crescer, evoluir. Só que ao buscarmos cumprir esse mandato, infringimos a principal lei da natureza, a lei da fusão.
Na natureza humana essa lei se expressa principalmente pela fusão genital. É a fusão genital a principal característica do cio biológico que o ser humano busca superar porque ele não é constante, permanente, mas periódico: o desejo da fêmea se expressa por ciclos e desaparece na gravidez. Por isso sua busca é pelo cio psicobiofísico, que também se caracteriza pela fusão genital, podendo ser permanente, pois é determinado pela psiqué dos parceiros.
Esse processo se inicia com o chamado pecado original. Daí ser ele o X da questão humana, porque a partir dele o ser humano se afasta cada vez mais do modelo sexual natural da fusão genital, criando e vivenciando cada vez mais o modelo sexual histórico da fissão genital.
Nessa busca, o ser humano se debate entre duas lógicas: uma de respeito e outra de agressão à sua própria natureza. Respeitando-a (fusão genital), ele produz/reproduz energia material humana vital/positiva (EMH+)Agredindo-a (fissão genital), passa a produzir/reproduzir a energia material humana mortal/negativa (EMH-).

Essa energia material humana mortal/negativa é a expressão concreta do que a teologia chama de mancha do pecado original. E é essa energia não debelada e, geralmente cultivada (nossa cultura), que é a matéria prima de todos os males e incapacitações do indivíduo, fazendo com que suas vontades geralmente não expressem seus desejos e, frequentemente, expressem exatamente o contrário.

Como o saber dominante evoluiu no sentido de negar a dimensão de energia na matéria, não temos aprendido a nos livrar das cargas de EMH-, passando a cultivá-las. Com isso, cada vez menos estamos aptos a sermos sujeitos/objetos de prazer.  Passamos então a considerar prazer aquilo que na sabedoria popular é apenas alívio: uma descarga de energia material humana mortal/negativa que nos dá uma sensação de bem estar momentâneo e passageiro.

O pecado, mesmo agredindo a natureza, propicia essas descargas e por isso tem sido considerado pela maioria como fonte de prazer. Na realidade, ele não passa de fonte de alívio e de mais energia material humana mortal/negativa.

A lógica da Sabedoria Popular sempre considerou a dimensão de energia na sua visão de mundo. Por isso, sempre buscou uma relação de respeito com a natureza, criando meios de se desfazer da energia material humana mortal/negativa (alívio) para cultivar a energia material humana vital/positiva (prazer/virtude), fruindo o fluir dessa energia produzida pelas relações. Talvez, por isso, tenha sido historicamente a grande interlocutora do Cristianismo, a quem proporcionou, na prática, expansão e consolidação.

É, pois, chegada a hora da filosofia dessa Sabedoria ser também escutada pela Teologia, para iniciarmos uma nova etapa em nossa era cristã: a superação das consequências do pecado original  por uma busca de uma nova inocência original.