Pelo Trabalho construtivo!
Trabalho sempre foi a principal fonte de aprendizagem na sabedoria popular. Através dele aprendia-se a execução dos ofícios e, principalmente, os valores que devem nortear a vida do ser humano: honestidade, responsabilidade, respeito, cooperação, liberdade e a busca da perfeição. É o que se pode chamar de trabalho construtivo. Com ele se provinha a subsistência mas, também, podia se vivenciar a nossa dimensão criadora. Ao produzir, o ser se reproduzia, crescia, evoluía.
O capitalismo chega e vai paulatina e progressivamente substituindo o trabalho construtivo por aquele que é a sua principal característica: o trabalho produtivo. Nele o que importa é apenas a produção de valor (capital), mesmo que seja à custa de desvalores, o que geralmente acontece. Não importa destruir uma mata de mais de 1000 anos, secar seus veios de água, matar e adoecer seus habitantes. O importante é produzir o tão sonhado dinheiro!
Com isso, cheira-se normal e até revolucionário o combate ao trabalho infantil! Contudo, o que deveria estar sendo combatido é a exploração, principal traço do trabalho produtivo. E isso valendo tanto para as crianças quanto para qualquer idade. Mas jamais se combater o trabalho!
Ao contrário, os chamados revolucionários deveriam estar tomando providências para que o trabalho construtivo passasse a fazer parte integrante e principal do nosso sistema educacional. Aí sim, estudar seria um constante processo de teorização da prática. Nossos jovens sairiam bem mais críticos, criativos e seguros para enfrentar o mercado do trabalho produtivo. Inclusive para enfrentar o principal fundamento desse mercado de trabalho: a competição. Quem aprende a buscar a perfeição (trabalho construtivo), sabe se virar muito bem no mundo da competição (trabalho produtivo). O aprendizado pela busca da perfeição leva ao autoconhecimento, à autoregulação e a uma percepção mais afinada da personalidade alheia, promovendo uma maior capacidade de interação com o meio, no sentido de transformá-lo.
Talvez por isso o trabalho esteja ausente do nosso sistema de ensino! Afinal, tem-se que formar indivíduos para uma sociedade de consumo e para um mercado sustentado pelo trabalho produtivo!
Mas se quisermos humanizar mais a nossa sociedade, temos que mudar o nosso modelo pedagógico, incorporando-lhe o trabalho construtivo como o seu principal fundamento. Chega de vermos o ensino/aprendizagem apenas como um processo de digestão de teorias, formando indivíduos inseguros e arrogantes, e profissionais medíocres e incompetentes! As teorias só são bem vindas quando podem nos ajudar na teorização de nossa prática, iluminando-a! É por isso que anseia a nossa juventude. Não só aquela que sofre o sistema de ensino fundamental, mas também e principalmente, aquela que está sendo preparada em nossas universidades para serem professores!
Busquemos um novo modelo pedagógico baseado no:
TRABALHO CONSTRUTIVO
Amor, pão e trabalho:
a trindade desta vida
e da outra, atalho
de nossa sina sentida.
O homem não é pelo que faz.
Ele é pela maneira que faz.
Plantamos pelo trabalho
o gosto do nosso pão,
o astral de nosso lar,
a leveza de nosso sono
e a paz de nosso amar.
Amor, pão e trabalho,
um alimenta o outro.
E esse é o alimento
do crescimento
do humano. ser.